15 de setembro de 2011

14 de julho de 2011

série Paisagens Construídas






Paisagens Construídas - Projeto DESVIOS - SESC Pinheiros









PAISAGENS CONSTRUÍDAS
Laura Gorski e Felipe Arruda


Inserido no projeto Desvios, de iniciativa do SESC Pinheiros, o projeto Paisagens Construídas, concebido por Laura Gorski, segue a proposta de intervenção artística nas paredes externas deste edifício.

À esquerda de quem entra no prédio, o desenho de Laura Gorski propõe o deslocamento de paisagens de campos de cultivo para um contexto urbano; o ato de desenhar na parede é uma maneira de devolver essas imagens ao mundo sob uma nova relação contextual, trabalhando com variações de escala e inversões de ponto de vista.

A convite da artista, Felipe Arruda criou o texto que se vê à direita da entrada do prédio. Seu trabalho se utiliza de recursos poéticos para comentar o desenho criado por Laura Gorski e sugerir desdobramentos possíveis da obra, envolvendo o espectador e o ambiente ao seu redor.


O diálogo entre imagem e texto convida os passantes locais a observarem o espaço onde se encontram e formularem novas relações com ele e seus elementos.



18 de janeiro de 2011

exposição ESPACIALIDADES - curadoria Mario Gioia



Série Sobrevôo, 2010



Espacialidades

"Da distinção de um espaço, de uma forma urbana descende, gera-se a arte, que, por sua vez, permite distinguir, separar; intimamente relacionada, portanto, com a cidade, da qual nada mais é que a complexa epifania, a fenomenização. (...) Por outro lado, (...) os produtos artísticos são os que qualificam a cidade enquanto tal", ressalta Bruno Contardi em prefácio do essencial História da Arte como História da Cidade, de Giulio Carlo Argan.

Um novo espaço de artes encravado na nevrálgica avenida Rebouças, em São Paulo, e que tem o título de Galeria Central deve ambicionar estar intimamente ligado às questões da urbe, de maneiras mais claras ou mais sorrateiras. Por isso, Espacialidades tem como fio condutor a relação de artistas e o seu entorno. Em início de trajetória, os cinco nomes agora exibidos investigam de maneiras diversas os elos entre eles mesmos, o que produzem e o espaço ao redor, conflitos e fricções desse embate que não deixa de ser corpóreo.

Cecilia Walton busca os espaços de bastidores das atividades rotineiras, utilizando filtros impregnados de resíduos e que serviam como componentes de ar-condicionado, descobrindo desenhos construtivos neles. Pedro Cappeletti tem no processo sua linha mestra, intervindo, por meio de formas regulares em esparadrapos negros, e marcando superfícies que, pouco a pouco, ganham uma grafia também racional. "A linha é o rasgo, o limite da forma é o rasgo. Um ato violento. Não um corte preciso de tesoura, estilete ou bisturi, é um dilaceramento da matéria", comenta o artista.

Laura Gorski faz uma ocupação suave e gráfica, lidando com a memória de instantâneos tirados a bordo de aviões, muitos em momentos de lazer e férias. As paisagens planificadas olhadas sempre com a mediação de um vidro dialogam com traços de ordem construtiva, hoje transmutados na sobreposição de papeis coloridos, que repousam sobre uma comum mesa de trabalho.


Flora Rebollo e Fernanda Rappa criam narrativas de grande poética e muito próprias. Rebollo lança figuras deslocadas, que utilizam maquetes dentro de um universo estranhamente familiar, em que algo pode vir à tona e provocar ressonâncias temíveis. Um teatro da banalidade do cotidiano, um retrato da ação modificadora do homem sobre a paisagem, esta construída e nada nativa ou inofensiva.


Fernanda Rappa expande a linguagem da fotografia por meio de surpreendentes reuniões de fotogramas ou de imagens únicas. Algo misterioso e grave é antevisto, mas tudo isso vem mais da construção, a partir de elaborações por vezes aleatórias, criada pelo próprio observador. Seu olhar instiga, mexe e até brinca, se valendo de aproximações entre formas _uma piscina de pinguins sem os animais, um fragilizado bosque tomado pela neve_ e de sua atenta coleta de imagens menores, perdidas em não-lugares. Ao poetizar o insignificante, Rappa devolve-nos a complexidade e, em especial, a capacidade de ver, características propostas pelos melhores artistas.

Mario Gioia

exposição OUTRAS PERSPECTIVAS - curadoria Teresa Berlinck





Sem título, da Série Palmeira Azul, 2010

A exposição Outras Perspectivas surgiu do desejo de articular sentidos e destacar algumas relações entre arte contemporânea e tendências da moda. Os artistas Estela Sokol, Fernando Limberger, Julia Kater, Laura Gorski e Rosângela Dorazio foram convidados a elaborar trabalhos para representar um conjunto de aspirações atuais.

As obras apresentadas destacam diferentes aspectos do discurso contemporâneo: espaços da cor, implantação de jardins, fotografia em colagem digital, redesenho da paisagem, relatos do cotidiano, fragmentos da memória.

Planejar um ambiente com obras de arte implantadas ao ar livre e organizadas num percurso de diferentes percepções, inevitavelmente evoca a ideia da construção do jardim. Paisagem fabricada pela vontade humana, o jardim sugere a oposição entre cultura e natureza selvagem. Símbolo do paraíso terrestre e do paraíso celeste, o jardim também é sonho e representação do mundo.

O arquiteto Nahum H. Levin iniciou a ocupação do terreno sede da mostra pelo traçado de um circuito. Definido por uma passarela que atravessa tubos de concreto, esse desenho sugere a noção de fluidez e propõe pontos de vista, perspectivas e pontos de fuga ao observador. A interferência dos artistas converteu os tubos, previamente destinados a abrigar as obras, em ferramenta de transformação do espaço, potencializando sentidos e revelando significados singulares para o redesenho desse quintal urbano.

Como resultado desse processo, formas distintas de perceber e de estar no mundo se revelaram nos trabalhos e na ocupação do ambiente. Ao longo do canteiro de proposições e questionamentos, algo se anuncia sempre mais adiante. E essa experiência não é só fruto do trabalho dos artistas, do arquiteto ou do público visitante, mas de todos e de cada um, configurando uma atualidade na busca de outras perspectivas.

a palmeira estremece

palmas para ela

que ela merece


Paulo Leminski


A fotografia é o ponto de partida da prática de Laura Gorski. Nas imagens captadas por sua câmera, a artista procura espaços vazios e neles as formas geradas pela ausência de matéria. Esses vazios são então preenchidos com tinta preta e o desenho da paisagem é formado pelo fundo, o branco não pintado do suporte.
Deslocadas de seu contexto original e aplicadas em muros e paredes, as paisagens resultantes desse processo reinventam o local em que são instaladas. Para a artista, desenhar na parede é devolver as imagens ao mundo em uma nova relação contextual, trabalhando com variações de escala e inversões de ponto de vista, e sugerindo conexões possíveis entre elementos reais e inventados. Palmeira azul integra a experiência atual da artista de construir imagens pela sobreposição de camadas. Nesse trabalho, silhuetas de palmas foram estampadas em tecido translúcido por meio de impressão digital. A imagem surge então em várias tonalidades de preto, resultado das velaturas originadas pela soma das camadas de tecido. E a leve folhagem gráfica balança oriental, movida pela brisa que sopra para lembrar o haikai do poeta curitibano.


Teresa Berlinck

X Bienal do Recôncavo - prêmio aquisição



Disponível, 2010