18 de janeiro de 2011

exposição OUTRAS PERSPECTIVAS - curadoria Teresa Berlinck





Sem título, da Série Palmeira Azul, 2010

A exposição Outras Perspectivas surgiu do desejo de articular sentidos e destacar algumas relações entre arte contemporânea e tendências da moda. Os artistas Estela Sokol, Fernando Limberger, Julia Kater, Laura Gorski e Rosângela Dorazio foram convidados a elaborar trabalhos para representar um conjunto de aspirações atuais.

As obras apresentadas destacam diferentes aspectos do discurso contemporâneo: espaços da cor, implantação de jardins, fotografia em colagem digital, redesenho da paisagem, relatos do cotidiano, fragmentos da memória.

Planejar um ambiente com obras de arte implantadas ao ar livre e organizadas num percurso de diferentes percepções, inevitavelmente evoca a ideia da construção do jardim. Paisagem fabricada pela vontade humana, o jardim sugere a oposição entre cultura e natureza selvagem. Símbolo do paraíso terrestre e do paraíso celeste, o jardim também é sonho e representação do mundo.

O arquiteto Nahum H. Levin iniciou a ocupação do terreno sede da mostra pelo traçado de um circuito. Definido por uma passarela que atravessa tubos de concreto, esse desenho sugere a noção de fluidez e propõe pontos de vista, perspectivas e pontos de fuga ao observador. A interferência dos artistas converteu os tubos, previamente destinados a abrigar as obras, em ferramenta de transformação do espaço, potencializando sentidos e revelando significados singulares para o redesenho desse quintal urbano.

Como resultado desse processo, formas distintas de perceber e de estar no mundo se revelaram nos trabalhos e na ocupação do ambiente. Ao longo do canteiro de proposições e questionamentos, algo se anuncia sempre mais adiante. E essa experiência não é só fruto do trabalho dos artistas, do arquiteto ou do público visitante, mas de todos e de cada um, configurando uma atualidade na busca de outras perspectivas.

a palmeira estremece

palmas para ela

que ela merece


Paulo Leminski


A fotografia é o ponto de partida da prática de Laura Gorski. Nas imagens captadas por sua câmera, a artista procura espaços vazios e neles as formas geradas pela ausência de matéria. Esses vazios são então preenchidos com tinta preta e o desenho da paisagem é formado pelo fundo, o branco não pintado do suporte.
Deslocadas de seu contexto original e aplicadas em muros e paredes, as paisagens resultantes desse processo reinventam o local em que são instaladas. Para a artista, desenhar na parede é devolver as imagens ao mundo em uma nova relação contextual, trabalhando com variações de escala e inversões de ponto de vista, e sugerindo conexões possíveis entre elementos reais e inventados. Palmeira azul integra a experiência atual da artista de construir imagens pela sobreposição de camadas. Nesse trabalho, silhuetas de palmas foram estampadas em tecido translúcido por meio de impressão digital. A imagem surge então em várias tonalidades de preto, resultado das velaturas originadas pela soma das camadas de tecido. E a leve folhagem gráfica balança oriental, movida pela brisa que sopra para lembrar o haikai do poeta curitibano.


Teresa Berlinck

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